Governo escala tropa de choque para blindar Bolsonaro na CPI da Covid

Em desvantagem numérica na CPI da Covid no Senado, o governo federal montou uma tropa de choque para tentar minimizar danos e blindar presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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Brazilian President Jair Bolsonaro (L) talks to Chief of Staff Onyx Lorenzoni during the appointment ceremony of the new heads of public banks, at Planalto Palace in Brasilia on January 7, 2019. - Brazil's Finance Minister Paulo Guedes appointed the new presidents of the country's public banks. (Photo by EVARISTO SA / AFP)

Na primeira reunião oficial hoje a partir das 10h, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) será instalada e seus membros elegerão presidente e vice. A tendência é que a presidência fique com Omar Aziz (PSD-AM), tido como independente, e a vice com Randolfe Rodrigues (Rede-AP), da oposição. O entendimento da maioria é que Renan Calheiros (MDB-AL) assuma a relatoria.

Apenas 4 das 11 vagas de titulares do colegiado são ocupadas por senadores considerados mais confiáveis pela base de Bolsonaro. Dentro da CPI, Ciro Nogueira (PP-PI), Jorginho Mello (PL-SC), Marcos Rogério (DEM-RO) e Eduardo Girão (Podemos-CE) serão a primeira linha de frente em defesa do governo.

Onyx e Ramos

Embora haja divergências internas nas estratégias de defesa a serem utilizadas pelo governo, Bolsonaro escalou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, como o articulador político do Planalto com os senadores neste caso. Por ser deputado federal licenciado e já ter sido ministro da Casa Civil e da Cidadania, a justificativa é que ele tem mais experiência em negociações com parlamentares.

Onyx nunca aceitou o fato de ter perdido o poder da articulação política ao ser trocado na Casa Civil e, agora, na Secretaria-Geral — de trabalho mais burocrático como uma espécie de zeladoria do Planalto — quer retomar esse protagonismo, afirmam interlocutores do presidente. O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, foi designado para coordenar respostas e unificar os discursos do governo junto aos ministérios. A Casa Civil, inclusive, foi responsável por enviar a ministérios uma lista de 23 acusações frequentes sobre o desempenho do governo Bolsonaro no enfrentamento à covid-19, numa tentativa de subsidiar o governo com respostas a críticas na CPI.

Segundo Ramos, as pastas tinham até a última sexta-feira para preparar as respostas e que a ideia é iniciar esta semana já com a argumentação do governo pronta.